sobre os dias?
tão paroxítonos:
assim, os acentos nos lugares certos,
fixos, invioláveis.
como a torneira insistente na goteira que não enche nada
- embora o ralo ali mostrando a porta de emergência.
Embora bem à sua frente,se vê, mas
qual a força de ir embora?
como a sala que não recebe mais visitas,
embora impecável. E sempre lembro de comprar
flores pro vaso rachado, bibelores novos pro aparador cansado,
tapete pro chão surrado, colcha pro sofá rasgado...
e lembro: o quanto despendo para cobrir tantas coisas gastas!
Penso também na Solidão que por si mesma espera
e nunca acerta a hora, o passo, o ponto do encontro, perdendo a hora
fazendo companhias aos desafortunados. Nunca viu a própria face.
Um dia ela sonha fugir dessa sina, folgar dessa rotina, quem sabe.
moro numa esquina:
os carros, as mesmas rapinas: Zummmmmmmm
Embora o tempo que persigam já esteja morto.
Inúteis as ferocidades da cidade.
aprendo com o assento que me indicaram:
aqui sentou meu bisa, o tata e o avô.
papai me pôs no colo para a primeira foto aqui.
"-sorria!"
se ele está na família a tantos dias, dias sobre dias,
alguma coisa ele me ensina
...
(me mineralizo
dia
a dia).
segunda-feira, 28 de maio de 2018
Assinar:
Postagens (Atom)