quinta-feira, 20 de maio de 2010

Ao som de Closing Time - Tom Waits




Se o bar fechar,
que lá fora
esteja pianissima a chuva
e em cada poça
eu veja a voz espelhada
do que não sei cantar.
Trago o último refrão
da canção que a memória me faz
engasgar.

Se o bar fechar,
que lá fora
encharque-me o etílico orvalho
que, falso deus,
não pude a vodka transformar
e esse cheiro forte
e esse cheiro forte
mais forte me faça
mais forte me faça

se o bar fechar.

Ela, de amarelo,
na quarta cadeira, vaidosa,
empoada com tanto pó
que todos os seus anos, sim, tirariam-na

para dançar,

desbota, não sustenta a cor
ao madrugar
e sempre lhe pergunto
à porta do último bar

lá fora -
LÁ FORA,
fora,
o que há de morar?

Ela simplesmente (fora
o que já se fora,
um blusão fora de moda e
amanhã
amanhã
amanhã...
a manhã parece leve
embora eles saibam que é bom não se confiar)
pendura a conta - mais uma a saldar.

4 comentários:

  1. Deu leve tristeza depois de ter escrito e ao som da canção... mas, enfim, leve.

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  2. Amigo, vc a cada dia me surpreende com tamanha poesia imagética. A gente lê e entra nela de uma forma espetacular. Quero sempre poder te ler e te sentir. Ameiiiii...Abreijos!!!

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  3. Deus meu!!!!
    Que poema. que crise criativa foi essa:^Um dos melhores, mas não desmereço os outros. Imagino o cen[ario. Ele. Ou ela. A observação. A cor. O Amarelo desbotado. Você se superou. Muito bom! Sinceridade

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  4. Depois de tantas passadas, mais uma vez é comprovada: a fossa é criativa!!!!!
    lindo,amei!

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